sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Meus olhos estão fechados


Então eu inspiro e expiro.
Há anos isso não acontecia comigo.
Inspiro.
Minha mãe disse pra ficar calma, se não a situação piora.
Expiro.
Tenho medo de dormir, pois controlo minha respiração com a minha mente.Se eu dormir, o fluxo pode parar.
Expiro.
Meu corpo não consegue controlar sozinho a respiração pois quase não entra ar no nariz.
Inspiro.
Expiro.
Quero chorar, quero gritar, dizendo como me sinto mal e como sou inútil, imbecil e descuidada.
Inspiro.
Quero dizer que estou com medo de morrer, mas não quero desesperar mais minha mãe.
Expiro.
Inspiro.
Penso em como fui idiota em gastar lágrimas com futilidades.
Expiro.
Inspiro.
Expiro.Não preciso colocar a mão sobre o peito para sentir meu coração.Posso ouvir suas batidas fracas.
Inspiro.
Expiro.
Só por um momento, meu único desejo é voltar átras e não fazer nada que me causasse alergia.
Inspiro.
Fui uma menina má.
Expiro.
E agora fui condenada a passar a noite inteira - que me parece uma eternidade - aqui, acordada, inspirando e expirando.
Tentando me manter viva.
Inpiro.
Expiro.

sábado, 14 de agosto de 2010

gato malvado!!


Coloco o volume do mp4 no máximo que eu consigo.Minha vontade é de furar meus timpanos e nunca mais 0uvir nenhuma palavra que os outros falem.Nada.Eu não quero mais ouvir nada.
Apoio as mãos na grade da varanda e olho pro céu.Está nublado e não posso ver as estrelas.Mesmo assim, eu ainda olho pro céu.E sinto algo diferente em meu coração.
Tento imaginar como seria bom se eu fosse uma ave e pudesse viajar pra sempre.Se eu pudesse ser livre e fazer o que eu bem intendesse.Apenas livre.
Uma pequena lágrima desce pelo rosto.Eu não me importo, apenas deixo-a pingar no chão.O que mais me perturba é essa tristeza dentro de mim.É pensar que eu não consegui mais amar depois dele.Não que eu o ame ainda - já disse, meu filme teve um final diferente.Mas é só que eu não consigo amar mais ninguém.
Talvez eu ainda o ame, talvez meu filme ainda não tenha terminado, mas sou orgulhosa demais pra admitir isso.
Meu olho volta ao foco e consigo ver a lua agora.Ela parece um sorriso de um gato.
Um gato malvado, que fica rindo da minha desgraça.
Cubro os olhos para não ve-lo, mais ainda posso ouvir seu riso leve como um sussurro.
Mais uma lágrima cai no chão.
Seco meu rosto com as mãos, respiro fundo uma, duas vezes.Queria ficar a eternidade ali, mas tenho que seguir minha vida.
Levanto-me.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O final do meu filme

Foi como nos filmes.Fazia 5 meses que eu não o via, o Reencontro.
Quando virei a esquina de um lado, ele virou do outro.Vinha andando com mais dois amigos, assim como eu e minhas amigas.Quando nos vimos, começamos a andar, um na direção do outro, os amigos ficando pra trás.
Por um instante, bem pequeno, quis abrir os braços e correr na direção dele. Quis que ele me levantasse e me rodasse no ar.
Por um instante, menor ainda, percebi que ele teve a mesma vontade.Percebi seu passo dando uma leve acelerada, o brilho no olhar, os braços querendo abrir.
No meu filme, ventou.Talvez, o roteirista quizesse dar mais emoção ao momento, fazendo meu cabelo voar na cara.Não sei, mas sei que ele exagerou.Ventou demais.E o vento apagou a miníma, chama que existia entre nós.
Nossos passos se estabilizaram, nossos braços pararam quietos do lado do corpo, os olhos ficaram opacos.Finalmente, ficamos cara a cara.
Nos abraçamos.
Foi um abraço caloroso, admito, mas nele só tinha saudade.Não tinha paixão, amor, romance, nem mesmo o menor clima, era só um abraço de amigos.
Bem amigos.
Mas só isso: amigos.

The End